terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Sugestão de Avaliação de História para o 6º ano

 

NOME: _________________________________________________ TURMA:______ DATA: ____/_____/_____

PROFESOR: Luciano Braga Ramos AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA – 6º ANO, HABILIDADE: EF06HI03

1) Marque a alternativa correta:

A estabilidade do Egito Antigo a um fator importante relacionado ao isolamento geográfico. Isso foi possível pela presença:

a)       Do deserto do Atacama;

b)       Do Mar Negro;

c)       Do Estreito de Gibraltar;

d)       Do deserto do Saara;

e)       NDA.

 

2) A construção de canais beneficiou o controle sobre a agricultura que era dependente do

a)       Do trabalho dos deuses;

b)       Das águas do Mar Mediterrâneo;

c)       Da vontade dos deuses;

d)       Das águas do Nilo;

e)       NDA.

 

3) De acordo com o texto o Egito passou por várias transformações no aspecto;

a)       Religioso e no jeito de fazer as pirâmides;

b)       Na forma de entender o mundo africano;

c)       No jeito de libertar seus escravos;

d)       Na forma de interpretar a lei;

e)       Em termos sociais, políticos e culturais.

 

 

4) Complete as frases:

a)       A população do vale do _________________ se aglomerou em volta de dois centros populares.

 

b)       ____________________ foi o primeiro rei do período, conquista o Baixo Egito e unifica o país.

 

5) Responda:

a)       Qual a principal fonte de economia do Antigo Egito?

 

 

b)       De acordo com o texto quem eram os escribas e o que faziam?

 

 

 

c)       Como era considerado o Faraó no Egito Antigo?

 


d)       O culto da ressurreição da alma do Faraó estava relacionado à qual elemento de preservação do corpo dele, ou seja, como era o nome o processo de preservação dos restos mortais do Faraó?

 

 

e)       Qual foi a prática egípcia que  favoreceu para o desenvolvimento da medicina no Egito Antigo?

 

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

 

Aula de História


Origens do sistema feudal

O feudalismo é um sistema caracterizado pela economia de consumo, trocas naturais, sociedade estática e poder político descentralizado. Os fatores que explicam o surgimento desse sistema na Europa podem ser divididos em estruturais e conjunturais.

Os fatores estruturais estão representados pelas instituições econômicas, sociais, políticas e culturais dos romanos Império Romano do Ocidente e dos povos germânicos que se fixaram dentro do Império a partir do século V.

Os principais elementos romanos que contribuíram para a formação do feudalismo foram: a economia agrária e


autossuficiente das vilas romanas; as relações de meação, sendo o colonato a mais importante, existentes no campo durante o Baixo Império; o distanciamento social entre os proprietários e os trabalhadores, clientes, colonos e precários; e o poder político-militar localizado. Todos estes aspectos eram resultados da crise econômica e

política do Império Romano.

Os elementos germânicos que entraram na formação do feudalismo foram: a economia agropastoril; o regime de trocas naturais; a sociedade, em que os guerreiros se submetiam à autoridade de um chefe militar; e o individualismo político. Entre os germanos não existia a noção de Estado. Cada chefe possuía autonomia, de tal forma que só em época de guerra ou perigo os chefes se submetiam à autoridade suprema de um “rei”.

Assim sendo, surgiu entre os germanos uma instituição chamada Comitatus. Nessa

organização, na verdade um bando armado, as relações entre comandante e comandados eram diretas e recíprocas, baseadas em juramentos de lealdade e fidelidade. Tais características iriam ser mantidas nas relações políticas do feudalismo.

O processo de integração das estruturas românicas e germânicas foi lento, cobrindo todo o período que vai do século V ao IX. Isto porque a forma de integração dependia dos fatores conjunturais, relacionados com as invasões que assolaram a Europa do século V ao IX, semeando a insegurança, dificultando as comunicações, enfraquecendo o poder político e isolando a sociedade, de forma a ter no feudo sua unidade fundamental.

A Igreja Católica era o único ´poder com sua sede em Roma capaz de unificar os europeus e manter a identidade cultural. A Igreja fazia parte de tudo na sociedade feudal em função dos poucos que sabiam ler e escrever eram membros do clero da Igreja, portanto, a Igreja era o centro cultural e social da sociedade feudal e comandava todas as ações da vida cotidiana da Europa.

As invasões germânicas nos séculos V e VI visaram inicialmente aos centros urbanos do Império, a fim de saqueá-los; mas depois tenderam a se fixar nas regiões favoráveis às atividades agrárias. Com isso, completaram o êxodo urbano iniciado no Baixo Império Romano e cortaram as comunicações entre as unidades rurais e urbanas, enfraquecendo as segundas e forçando as primeiras à autossuficiência. O poder político, incapaz de conter as invasões, viu-se na contingência de transferir as


funções de defesa para os proprietários rurais. Dessa forma, completava-se a descentralização do poder, o qual iria se tornar localizado.

Em seguida às invasões germânicas, vieram os muçulmanos no século VIII. Os árabes tinham se unificado politicamente depois da união religiosa conseguida por Maomé, organizador do islamismo. A religião islâmica, sintetizada no Corão e na Suna, pregava a guerra santa aos infiéis, justificava o direito de saquear os infiéis, o botim, porque não aceitavam o Deus criador dos bens materiais. A elevada pressão demográfica na Arábia, havia poligamia, mais os fatores religiosos e econômicos, explicam a fulminante conquista empreendida pelos muçulmanos. Conquistaram o Oriente Médio, o Norte da África, a Península Ibérica, o Sul da França e as ilhas do Mar

Tirreno a Córsega, Sardenha e Sicília. Mas a pirataria muçulmana impedia a navegação de barcos cristãos pelo Mediterrâneo. Dessa forma, a Europa ficou isolada do Oriente e quase desapareceram o comércio, as cidades e a própria economia de mercado, com suas trocas monetárias. Completa-se então, na Europa Meridional, o processo de ruralização

econômica.

Quando os muçulmanos completaram sua tomada de posição no sudoeste da Europa, o Ocidente europeu começava a sofrer os ataques dos normandos, vikings, procedentes da Noruega e da Dinamarca. Os normandos eram ligados às atividades marítimas, pescadores e piratas que, por volta do século IX, aterrorizaram as Ilhas Britânicas e a França com suas incursões. Não se restringindo aos ataques no litoral, subiam o curso dos rios e saqueavam as populações ribeirinhas, pilhando vilas, mosteiros e igrejas, roubando o gado e escravizando os cristãos. Dado esse duplo caráter, marítimo e fluvial, de suas operações, não havia na Europa força militar adequada para contê-

los. As áreas mais atingidas foram a Inglaterra e o noroeste da França, onde uma parte dos normandos veio a se fixar, dando origem à Normandia.

Na Europa Oriental, ou, mais precisamente, em terras da Rússia e Ucrânia atuais, os normandos da Suécia, conhecidos como varegues, realizaram uma penetração de caráter principalmente comercial, pois as populações locais eram demasiados atrasadas para oferecer boas perspectivas de pilhagem. Seguindo o curso dos rios que desembocam no Mar Negro, os varegues acabaram estabelecendo contatos mercantis com Constantinopla, onde trocavam trigo e produtos da Europa Setentrional por artigos manufaturados.

Ainda no século IX, os magiares (húngaros), procedentes da Ásia Central, invadiram a Europa, aumentando a insegurança geral. A situação agravou-se com a chegada dos eslavos, vindos das estepes russas.

No século IX, portanto, definiu-se na Europa um quadro de instabilidade generalizada, o qual criaria as condições necessárias para a consolidação das estruturas feudais.

 

Vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=SXsQMwTVLZY

 

Perguntas

(1)               Qual o sistema a econômico e social da Idade Média?

(2)               Como eram chamados os povos que invadiram Roma?

(3)               Qual instituição que era o centro da cultural e sociedade feudal?

(4)               Qual a consequência das invasões bárbaras na Europa durante a Idade Média?

 

Vídeo

https://www.youtube.com/watch?v=SXsQMwTVLZY

 

Perguntas

(1)               Qual o sistema a econômico e social da Idade Média?

(2)               Como eram chamados os povos que invadiram Roma?

(3)               Qual instituição que era o centro da cultural e sociedade feudal?

(4)               Qual a consequência das invasões bárbaras na Europa durante a Idade Média?

domingo, 26 de março de 2017

Santana do Livramento, Economia no século XX.



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Santana do Livramento, Economia no século XX.

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Luciano Braga Ramos: Acadêmico de História ULBRA Gravataí, RS.

Por Luciano Braga Ramos

Publicado 27/01/2009

SANTANA DO LIVRAMENTO: ECONOMIA NO SÉCULO XX.

A importância deste trabalho está em poder contribuir para a pesquisa sobre o município de Santana do Livramento, explicando seu desenvolvimento econômico, assim como seu retrocesso no século XX. Dando ênfase ao papel da Companhia Armour, mostrando vários aspectos que explicam a realidade social, pela qual hoje passa o município devido à escassez de indústrias de grande porte.

A companhia Armour em Livramento

Santana do Livramento, localizada na região da campanha, no Rio Grande do Sul, desde sedo teve sua economia voltada para a agropecuária, sobre tudo para a pecuária extensiva, com o predomínio de grandes latifúndios, voltados para a criação de gado bovino e ovino. O primeiro significou a matéria prima essencial para o movimento da economia do município, sendo o grande fortalecedor das estâncias que abasteciam as charqueadas dos outros municípios, já que o estabelecimento de charqueadas dentro do município de Santana do Livramento se dará tardiamente, no início do século XX. (Shäffer, 1993, p.43).

Até a construção de estabelecimentos de abate em Santana do Livramento, o município era só então, criatório de animais, para a reprodução e engorda destinado ao mercado externo de venda do gado em pé, dando características de uma pecuária arcaica com métodos rudimentares de criação em grandes extensões, que nas primeiras décadas do século XX já não condiziam com as inovações de produção que começavam a se voltar para as exigências do mercado capitalista.

O funcionamento de charqueadas em Santana do Livramento, é recente se comparado aos demais municípios, que desempenhavam tal função a tempo. É só no ano de

1903, que os senhores Pedro Irigoyem e Francisco Anaya, uruguaios vindos de Montevidéu, estabeleceram-se na cidade de livramento. "em 1911 livramento já tinha quatro grandes charqueadas, Livramento constituía-se nesse momento o segundo maior centro de abate do estado, pois estava no centro da maior região de produção pecuária do estado e do Uruguai." (Albornoz, 2000, p.76).

Por outro lado, o início do século XX marca o aparecimento dos grandes frigoríficos de capital estrangeiro, que enxergavam grandes possibilidades de investimentos lucrativos, tanto no Uruguai, como na região da campanha do Rio Grande do Sul, pois essa região tinha um grande atrativo que era as estâncias produtoras da matéria prima própria para servir os interesses destes investidores. Assim, deu-se o estabelecimento de indústrias de carnes e derivados, como, a Swift, Armour, Wilson, Morris e Cudahy, foram chamados nos Estados Unidos de o "truste da carne". Então em 27 de fevereiro de 1917 instalou-se em Santana do Livramento a Companhia Armour, de capital norte americano com sede em Chicago.

O Frigorífico Armour comprou a charqueada Livramento, no local onde hoje se encontra o grande complexo industrial do frigorífico. Mas não é simplesmente um complexo de um frigorífico qualquer, O Armour também representou um grande complexo social, por comportar ali não só uma empresa, mas um formidável contexto social, incomparável na região para aquela época, estabelecendo na sua volta uma sociedade que começou a prosperar e viver em função do Armour, formando um contexto econômico e social que foi importante para o crescimento de Santana do Livramento. No local do frigorífico também existia: O clube social, campo de golf, quadra de tênis, campo de futebol, a casa dos funcionários solteiros com aproximadamente duzentos cômodos, onde ainda hoje se encontra ex-funcionários residindo nela, e as casas dos funcionários de auto escalão, também estas dispostas em quadras e cedidas aos funcionários conforme sua hierarquia. (Pimentel, 1943, p.218).

Claro que todo esse complexo em sua grade parte era destinado para o bem estar dos ditos funcionários de "capotes brancos". E uma ínfima parte dessas acomodações para os empregados que formavam a massa de operários, que na sua maioria eram contratados na

época da safra, quando as demandas por carnes frigorificadas aumentavam gerando aumento de emprego, que diminuía no período denominado "safra seca", onde a grande maioria era dispensado.

Para estes funcionários restava usufruir do campo de futebol jogando no time do Armour, este como local de aceitação e da socialização destes funcionários dentro das dependências da empresa. Como local de moradia destes operários destinava-se o local "do outro lado da cerca", (Albornoz, 200, p, 150) onde construíram suas casas de lata, nas circunferências do frigorífico, num loca que a empresa cedia para a construção de tais casas. Estas denominadas casa de lata, por serem forradas com refugo de latas da fábrica de latas que operava dentro das dependências do frigorífico, esses refugos eram vendidos aos operários, que se utilizavam dessa prática de forrar as casas de madeira com lata para se protegem das baixas temperaturas do inverno da fronteira. Assim o sol esquentava a casa durante o dia e a forração de lata contribuía para a conservação de temperatura durante a noite. Ainda hoje é possível observar tal prática nos locais limítrofes as dependências do Armour.

O período em que a empresa Armour se instalou em Santana do Livramento, no ano de 1917, é justamente o momento em que a Europa esta mergulhada na Primeira Guerra Mundial. Este acontecimento vem a contribuir para o avanço do "truste da carne" na região, pois estes visavam à exportação de carnes e derivados em conserva para a Europa, que no momento tem suas indústrias concentradas nos esforços de guerra, assim possibilitando a entrada de indústrias no Brasil, e Santana do Livramento se beneficia com a chegada do Armour e seu investimento na cidade. A carne teve uma grande valorização nesse período, o que contribuiu para um maior controle dos rebanhos, inovando transformando sistema de criar gado típico do Rio Grande do Sul. Esse controle que exigia maiores cuidados de seleção, de dosagem de vermífugos e vacinas preventivas, contribuem para o início da prática dos cercamentos, em conseqüência destes cercamentos, vai se ter uma dispensa do emprego de grande número de peões que antes se fazia necessário para lidar com o gado em grandes extensões abertas, "e o êxodo rural teve inicio." (Shäffer, 1993, p.50).

Essas melhorias se refletem na qualidade dos rebanhos atendendo as exigências dos padrões de exportação, tanto que para melhorar as condições de transporte do gado, aos poucos vai se extinguindo as tropas a pé e se da liberação da mão-de-obra dos tropeiros, substituída agora pelos vagões da linha férrea. O Armour vai possuir um terminal ferroviário, numa ligação com o ramal Livramento – Cacequi "da Viação Férrea do Rio Grande do Sul." (Pimentel, 1943, p.219).

Não há dúvida que a companhia Armour representava para Santana do livramento a mais importante indústria do município, sua instalação deu um novo impulso na economia local, e também para a vizinha cidade de Rivera, movimentando todo o comércio da região, empregando grande número de funcionários, colocando-se também como a principal fonte de receita dos cofres municipais, pois seus impostos correspondiam a cinqüenta por cento da arrecadação do município. Sua vinda para a cidade modificou os modelos antigos de produção pecuária e também a vida urbana, dando impulso a uma classe operária assalariada, com leis avançadas para o Estado, vendo que a empresa seguia um padrão de relações com seus funcionários baseado no Estado Oriental vizinho, "seus funcionários e operários os quais dentro do Estado, são os melhores assalariados." (Pimentel, 1943, p.221).

Essa prosperidade de Santana do livramento, muito associada à implantação da companhia Armour, seguiu muito bem durante o período de sua inauguração na cidade, que coincidia com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, e até o final da Segunda em 1945. Esse momento é importante para a indústria da carne, já que a companhia Armour exportava em grande escala para todo o mundo, principalmente para os locais de conflito,e também os frigoríficos no sul, mostraram-se locais seguros para os investimentos dos capitais destas companhias estrangeiras, já que para esses lados os negócios prosperavam, em quanto o mundo assistia num curto espaço de tempo, dois conflitos mundiais, intercalados por uma crise financeira de grandes proporções.

Com o final do segundo conflito mundial os negócios nos frigoríficos do sul começaram a declinar, e com a Companhia Armour na cidade de Santana do Livramento não foi diferente. A partir do final da década de quarenta sua produção vai caindo

gradativamente, até o fechamento definitivo do frigorífico no início da década de 1990. A final de contas, esse capital investido no frigorífico era estrangeiro , não tinha raízes profundas dentro da sociedade santanense, como os tradicionais latifundiários, mas parece que isso não foi avaliado no momento em que tudo que interessava era a prosperidade momentânea, ninguém pensava que o Armour era a única empresa grande dentro do município, que representava oitenta e cinco por cento da produção do município. (Albornoz, 2000, p.116). Santana do Livramento vivia um desenvolvimento que não era auto-suficiente, e por isso, tinha limites, que estavam nas mãos do capital estrangeiro.

Esses grupos, bastaram encontrar outras alternativas mais rentáveis que a carne, que sofria uma queda considerável com a baixa das exportações, que desviaram seus investimentos para outros locais, como é de costume das grandes empresas multinacionais,que para elas só interessa o lucro.

Em 1972 ocorre a fusão que forma a Swifft Armour S.A, que em 1989 acaba sendo vendida para o Grupo Bordon, não prosperando em vista da competição com as cooperativas formadas por proprietários na região da fronteira, entra em concordata em 1994 "a empresa bajeense Cicade apoderou-se da Swuift Armour, tendo seu presidente declarado ter sido convencido a 'rodar a fabrica' pelo Governador do Rio Grande do Sul, Alceu Colares, recebendo para isso linhas de crédito nos bancos estatais. Alegando não ter chegado às suas mãos essa linha de crédito, fechou a fábrica" (Albornoz, 2000, p.127/128)

Santana do Livramento atravessa hoje, uma grave crise econômica, que vem se acelerando desde o fechamento do Frigorífico Armour, que pode se dizer era o motor da economia santanense, vendo que não foi tomada nem uma providência por parte das autoridades governamentais para suprir a falta que faz ao município a presença de uma indústria de grande porte, que possa dar emprego, substituindo o Armour nessa função. Pois o que se percebe, é que com o fim das operações do frigorífico, muitos outros estabelecimentos se ressentiram com a falta dos numerários econômicos que deixaram de girar dentro do comércio local, desestimulando assim o estabelecimento de outras indústrias e comércios na cidade. Gerando falta de perspectiva na sociedade local, que vê a saída para seus problemas e prosperidade de seus filhos, a ida para a capital ou outra cidade que tenha

condições de empregar esse excesso de mão-de-obra que tem Santana do Livramento, pela falta de locais de trabalho para sua gente, que na falta de recursos, continua o "êxodo" do início dos cercamentos na fronteira.

Referências:

Albornoz, Vera Prado Lima. Armour: Uma aposta no pampa. Santana do Livramento; Editora Sâmara,2000.

Pimentel, F. Aspectos de Livramento. Livraria Continente; Porto Alegre, 1943.

Shäffer, Neiva Otero. Urbanização na fronteira (a expansão de Sant' Ana do Livramento). Porto Alegre, Ed. Da Universidade /UFRGS/ prefeitura municipal de Sant' Ana do Livramento, 1993.


Porto das Canoas, Gravataí, História e Memória no Século XX

Texto revisto e publicado por mim.

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Porto das Canoas, Gravataí, História e Memória no Século XX

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Luciano Braga Ramos.

Acadêmico de História ULBRA Gravataí, RS.

Por Luciano Braga Ramos: publicado 5/02/2009

O PORTO DAS CANOAS, EM MEADOS DO SÉCULO XX.

Se espera com esse trabalho encontrar uma explicação para as modificações de Gravataí, no período de 1930 à 1975, elucidando os aspectos que estão mudando o Brasil e suas consequências para o Rio grande do Sul, com o foco para o município de Gravataí.

1. O Porto das Canoas, e a nova conjuntura econômica e social a partir de 1930.

A queda do Império do Brasil no final do século XIX, e a proclamação da República, não significaram para a sociedade brasileira de uma maneira geral mudanças significativas no âmbito econômico e social, apenas representou no início do século XX a confirmação e aumento do poder das oligarquias rurais, essas mesmas que ambicionavam o poder político, e geravam várias disputas partidárias pelas regiões do país, entravando a modernidade e industrialização concentrando a renda no campo e em mãos de poucos e mantendo relações de trabalho não capitalista, no sentido de negar direitos e mantendo peões subassalariados.

No início dos anos de 1930 ocorrem mudanças políticas importantes, que vão mudar o Brasil economicamente e socialmente, com o aparecimento de uma classe média, o incentivo da indústria, o interesse dos políticos de manipular as oligarquias rurais favorecendo parcialmente a ascensão de uma burguesia capitalista. Onde no Rio Grande do Sul, vão ser evidente as transformações nos modos de produção e nas forças produtivas.

O modo de produção corresponde à forma como uma sociedade utiliza seus recursos naturais, transformando-os, para formar assim, através das relações sociais, a base econômica de sua sociedade, pelo desenvolvimento das forças produtivas que são o

condicionador do desenvolvimento produtivo. Pois de acordo com Marx, até certo momento as forças produtivas determinam as relações de produção. Porém o desenvolvimento das forças produtivas levaria a uma contradição crescente em relação ao modo de produção, que a partir de certo momento passariam a ser obstáculos a sua expansão. [Marx, 2002, p. 50]. No Rio Grande do Sul, até 1930, vigorava um modo de produção pré-capitalista, com o emprego de recursos precários para a produção de manufaturas. Essa é uma visão geral da situação brasileira no início do século XX, que se transporta para um contexto regional e dentro do município de Gravataí, e que se tornam para o entendimento e interesse pelas mudanças que partiram do modelo nacional e afetaram a vida da população local, mudando aspectos econômicos e sociais, inserindo Gravataí que antes era local onde predominava uma agricultura de aspecto colonial e um meio de transporte para escoamento da produção, como o porto das canoas, que atendia as exigências desse transporte tanto de mercadorias como coletivo, para uma agricultura capitalista e industrializada que aos poucos foi mudando os modos de trabalhos locais que até os anos de 1950, vai cada vez mais atingir índices capitalistas de produção.

Não é novidade para ninguém que devido à precariedade das estradas brasileiras, problema esse que sempre foi patente nas nossas cidades e interior, em Gravataí até a década de 1930, seu acesso à capital, assim como seu processo de transporte e escoamento da produção se tornava praticamente inviável por via terrestre. Então o Rio Gravataí, foi uma via geograficamente importante para o desenvolvimento da cidade, desde seus primórdios, e até os anos 40 do século XX.

Uma visão geral da evolução histórica do sistema de transporte no Brasil, entre 1850 e 1950, mostra-se sua precariedade. [...]. Até o advento das ferrovias as mercadorias eram tradicionalmente levadas aos portos em lombos de burros, cuja utilização decrescia na medida da entrada daquele novo meio de transporte na região produtora. Entre tanto, a expansão da rede ferroviária, apesar de relativamente rápida em termos absolutos cobria uma área de fato pequena. [...] em 1948 são muito pouco se levar em consideração os milhões de quilômetros quadrados do território do país, [Linhares, 1990, p. 308].

A região de Gravataí, onde na década de 1930 acha-se o Porto das Canoas, é destituído de vias férreas e estradas de rodagem, (a primeira estrada e de 1934 ligando o

município à capital), porém o tipo de produção agropecuária dessa região tem seu escoamento garantido satisfatoriamente pelo Porto das Canoas com suas embarcações tocadas à vara e com as denominadas gasolinas, transportando produtos e pessoas até a capital. Dava-se também bastante importância para as carretas de boi que era como se transportava os produtos das propriedades até o centro de Gravataí, onde eram vendidos aos comerciantes, proprietários das tulhas, que eram depósito e armazéns na praça central da cidade, de onde eram reembarcadas em outras carretas para serem transportadas até o Porto das Canoas, e dali eram embarcadas rumo á Porto Alegre. Ainda hoje é possível verificar no local onde era o porto os alicerces das tulhas e depósitos, assim como as muretas de atracarem as embarcações às margens do porto no local conhecido atualmente como Passo das Canoas. "As gasolinas traziam mercadorias para os comerciantes que tinham depósitos no Porto das Canoas como, Pedro Dutra, Acácio Soares, Ary tubbs e outros." [Rosa, 1987, p.80].

O grande destaque era dado para a farinha de mandioca produzida nas inúmeras atafonas espalhadas pelo município, até os anos de 1930 foi o motor da economia de Gravataí, e esse tipo de mercadoria fazia parte de uma pecuária com características coloniais com técnicas rudimentares de produção, que por fatores políticos e econômicos, ocorridos a nível nacional , com a Revolução de 1930, vai começar a ressentir-se a partir de 1940, enquanto outros produtos de uma agricultura capitalista voltada para os interesses econômicos nacionais vão encontrar incentivos, numa modernização ou renovação das forças produtivas, que emanam do centro para periferia. Assim como a nova conjuntura governamental, a nível nacional que se da com a ascensão de Vargas à presidência da República.

Ao iniciar-se a Nova República, o Rio Grande do Sul [...] com sua economia [...] baseada na agropecuária abastecedora do mercado interno nacional e, secundariamente do comércio internacional. [...]. "celeiro do país" atribuído ao Rio Grande do Sul. [Pesavento, 1980, p.51].

Nesse sentido o Porto das Canoas foi essencial até os anos de 1930 e 1940, porque era e sempre foi até esse período, adequado com a realidade econômica e social local. Porém os anos 1930, é um momento de transição nas antigas relações agrárias, e também

com o crescimento das indústrias no Brasil, e o aparecimento tanto da classe média, como a classe operária, sobre tudo na região paulista, o mercado sul-rio-grandense na ótica do Governo Federal tem que se tornar definitivamente o "celeiro do Brasil", sendo assim introduzida e incentivada uma agropecuária dentro de um viés capitalista. Desmancham assim as práticas de cultivos de produtos do período colonial, que eram menos lucrativos e não atendiam as exigências e necessidades nacionais, o governo financia o plantio de produtos como feijão, arroz, batata, soja e fumo em folha, provenientes de uma agricultura capitalista.

Antes de 1930, apresentava-se o quadro de um governo oligárquico e de uma fração das camadas dominantes agrárias, após 1930, encontra-se um governo para a "burguesia", no atendimento aos problemas nacionais. [...] no decorrer deste processo, a indústria ia se aprimorando como a nova e predominante força de acumulação de capital. [Pesavento, 1980, p.49].

Pode-se perceber até aqui os fatores e mudanças políticas e econômicas que acabaram por tornar o Porto das Canoas inviável ao escoamento da produção. Ou seja, não era possível transportar arroz, por exemplo, em pequenas embarcações, pois essa é uma cultura em larga escala, não como a farinha de mandioca que poderia ser transportada em pequena quantidade, pois podia ser estocada em armazéns no porto, já o arroz precisa de silos mais sofisticados, nem se fala no gado , este só por terra para chegar ao matadouro em Porto Alegre. Pode-se observar na obra de Jorge Rosa, [1987, p.80] a fotografia de uma trilhadeira da Granja São Luiz, datando de 1950, atravessando o Passo dos Negros entre Gravataí e Viamão, dando mostras da introdução de inovações para a produção do arroz.

Essas novas culturas vão precisar além de incentivos fiscais, da produção de novas forças produtivas, pois já que representa uma mudança considerável no modo de produção, que antes era praticamente uma produção colonial, e agora estava se tornando uma produção para o mercado capitalista. E o Porto das Canoas enquanto força produtiva, que pertencia a um modo de produção que se encontrava em vias de transformação, vai acabar gradativamente, sendo superado por novas forças produtivas que estão se estabelecendo dentro de um sistema econômico que está em fusão, devido à tão conhecida capacidade

dinâmica de superação dos modos arcaicos de produção, que sempre tendem a serem engolidos pelo modo de produção capitalista.

[...] governo Flores da Cunha, desde 1932, fora uma política de desagravação fiscal. [...], destacando seu empenho no desenvolvimento de instituições públicas, saúde, criação do Instituto de Previdência do Estado (IPE), construção de estradas de rodagem, reparação de pontes, prolongamento de vias férreas, [...] início da construção do Frigorífico da Capital [...] matadouro modelo e do entreposto de leite de Porto Alegre. [Pesavento, 1980, p. 124; 137].

Está ai, desencadeadas as forças produtivas desse período, que substituem as antigas dentro do município de Gravataí, que por conseqüência vão alterando seu modo de produção, sobretudo chamam a atenção para a construção de estradas e pontes ligando a cidade à capital em 1934, promovido por Flores da Cunha. O foco produtivo agora por esses novos caminhos será, o gado, o arroz, e o leite, produto que atendem a nova ordem economia, além de a estrada pavimentada servir ao transporte de pessoas.

Assim, o Porto das Canoas vai perdendo sua significação econômica e em consequência social, porém, segundo dona Terezinha oliveira, filha de Adão Duarte, que trabalhou nas embarcações do porto na primeira metade do século XX em entrevista ao Correio de Gravataí em 2006, confirma o funcionamento do porto até 1948, transportando tijolos, telhas, verduras e outros produtos de pequeno porte, até ser consumido pelas novas tendências e rumos que a economia e a sociedade foram tomando de 1930 em diante, com aspectos de modernização irreversíveis para Gravataí, que começa aí seu caminho ao crescimento dentro da nova ótica política nacional, e para o presente resta-nos tentar salvar os objetos , os documentos e as falas desses personagens, para analisarmos a partir dessas memórias e objetos da cultura dessa época a história e identidade de povo de Gravataí.

2. Memória das Águas, 1948 o final do Porto.

A Cultura de uma época, de determinado grupo, seja cultura material ou imaterial, chega até nos pelas representações do passado, que se preservam na nossa sociedade pelo interesse que membros de uma sociedade têm em mantê-las, pois isso depende de um

intrincado jogo de poder e interesse de parte da sociedade. É por esses vestígios de cultura de uma determinada sociedade, que se estabelece ou se constrói a memória.

A memória pode ser considerada como representação do passado, lembranças de quadros sociais significativos, que servem de ponto de referência do grupo que a mantém viva no presente. Pois a memória só chega viva ao presente, se há o interesse de grupos em mantê-la para a construção de uma identidade social. A memória é resgatada pelos objetos materiais e testemunho oral.

A relação entre cultura e memória, se processa pela construção da identidade de memória de um grupo, associado à produção cultural de representante quadro social significativo. A memória mantém vivo os traços culturais do grupo para o presente, servindo para explicar a dinâmica cultural da sociedade. A memória pela preservação dos traços culturais serve de suporte para a história, que vai selecionar, questionar e refletir sobre as memórias.

A memória por seus laços afetivos e de pertencimento, é aberta em permanente evolução e liga-se a repetição e à tradição, socializando a vida do grupo social. A história ao contrário, dessacraliza a memória, constituindo-se tão só em representação do passado. [Felix, 1998, p.43].

Nesse sentido escrever sobre a história do Porto das Canoas, dando voz para esses agentes preservadores dessa memória pela tradição oral, é a contribuição essencial para se construir a história a partir dessas representações tanto orais como materiais. Assim sendo, através das falas desses agentes, com aquilo que ainda podemos contar, como vestígios materiais, busca-se preservar a memória coletiva dessas pessoas e de seu passado, de maneira que se possa auxiliá-los na construção de suas identidades.

Pois se entende que falar sobre esse tema, assim como qualquer outro tema, não é analisar o fato simplesmente pelo fato, mas sim notar todos aqueles elementos que dão sentido para explicação histórica. Ou seja, o Porto das Canoas foi constituído de cais, de armazéns, mas também de pessoas, de agentes sociais, que se relacionavam, que viveram determinado contexto histórico importante para a identidade da cidade, contexto esse que precisa ter suas representações resgatadas, para não ficar no esquecimento.

E por outro lado, assim preservamos um patrimônio material e imaterial, já que se percebe que para este tema os dois elementos, pelos documentos ainda encontrados e pela oralidade dos agentes ainda presentes, ou seja, essa memória se constitui também enquanto patrimônio desde que não caia no esquecimento, e é esse nosso objetivo maior. Para Reginaldo Gonçalves (2003). Patrimônio pode ser entendido como: bens de natureza materiais e imateriais, tomados individualmente, ou em conjunto, como é o nosso caso, e são os portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos grupos humanos.

Em nosso trabalho foi possível abordar tanto a historia oral como a documental, assim como o patrimônio material, como, os documentos, bibliografias imagens e objetos desde muretas e alicerces no local do porto, como o patrimônio imaterial que se constitui na fala das pessoas que vivenciaram ou foram testemunhas desse passado, como é o caso de seu Adão Duarte e de sua filha Terezinha Oliveira que se disponibilizaram a relatar suas memórias para a construção desse registro histórico.

É a partir dessa oralidade que se percebe a importância desse trabalho em resgatar esse recorte significativo para essas pessoas, percebe-se em suas falas o quanto esse local foi importante para a economia da época, como constam nos documentos e como essas falas vão ao encontro do testemunho dos documentos oficiais. O jeito como dona Terezinha se referiu a seu pai, trabalhando nos lanchões tocados à vara, parece que estamos vendo a cena das embarcações chegando ao porto, assim como ouvindo o rangido das carretas de boi chegando aos armazéns do cais tamanho a veracidade daquela narrativa de pessoa que realmente se emociona ao tocar no assunto. Devido ao estado de saúde de seu Adão que se emociona facilmente, e sua avançada idade, 82 anos, deixamos a critério de dona Terezinha sobre o que seu pai quisesse falar e como falar, sobre sua vida no porto:

A: "Tinha bastante movimento, de chegada e saída de embarcações."

A: "Os produtos transportados de lá para cá eram areia e cascalho, daqui para lá eram tijolos e farinha que eram transportados através de carretas puxadas a bois."

Quando ele se refere aos nomes das embarcações ele nos fala de três entre muitas.

T: "Que ele lembra Santa Vitória do Palmar, Marina, Edi."

A: "Começou a diminuir os movimentos por volta de 1948."

L: E sobre as pessoas que trabalhavam no Porto?

T:"Algumas que ele lembra que trabalhavam Alcides [...]."

T: "Observação na época que meu pai trabalhava com 10 anos, os barcos eram tocados a vara. sendo assim muito difícil de navegar. Anos mais tarde começaram a vir os barcos a gasolina e assim tudo ficou mais fácil."

T: "O meu pai também carreteava trazendo farinha da Vila Nova para cá." [Terezinha Gomes Oliveira; Adão Duarte, entrevista concedida a Luciano Braga Ramos acadêmico de Historia da UBRA Gravataí no dia 07 de abril de 2006].

Percebe-se o envolvimento dessas pessoas e como suas vidas foram durante bom tempo dedicadas à função econômica que o porto exercia nesse local, e como era dinâmica para à época esse comércio e sua ligação com as cidades vizinhas e do interior e com a capital. Esse comércio movido aqui de idas e vindas, também nos aparece em registros da alfândega, que hoje se encontram no museu Agostinho Martha em Gravataí.

Nota-se pelas falas as relações entre comerciantes e trabalhadores, carreteiros, estivadores, donos de olaria, e navegadores, e como esse local servia também como ponto de trocas de notícias e informações, assim como experiências, nas relações humanas convenientes para a época, no que se refere à economia política e sociedade, já que até ele vinham pessoas de Osório, Santo Antônio da Patrulha, Viamão, da própria Gravataí é claro, ao mesmo tempo em que chegavam pessoas de Porto Alegre, no transporte de passageiros, como médicos, advogados, entre outros e também mercadorias para abastecer o mercado interno. [Rosa, 1987.].

Pela entrevista fica claro também as transformações e evoluções técnicas nos transportes, assim como a notável decadência do porto por volta de 1948, comprovando que as bibliografias nos apontam, e como esse local vais perdendo uma significância como fator de circulação da economia e em conseqüência entrando no esquecimento.

Em 5 de fevereiro de 2006, Terezinha Oliveira também concedeu entrevista ao Correio de Gravataí como já foi mencionado no início do trabalho. A moradora é dona de um comércio na comunidade do Passo das Canoas, reafirma suas memórias do tempo do

Porto movimentado e de quando seu pai Adão Duarte trabalhava no Porto do Passo das Canoas.

As recordações da moradora vão mais longe. Seu pai Adão Duarte, atualmente com 80 anos trabalhava no Porto do Passo das Canoas. "Meu pai carregava de tudo naqueles barcos. Levava para fora de Gravataí e quando voltava trazia outras cargas. Ele conta que o Passo das Canoas era muito movimentado." "Recorda" [Correio de Gravataí, 2006, p.17].

Local que até então era uma artéria para o desenvolvimento dessa região, e agora a memória busca recuperar essas representações para contribuir com a história.

2.1 A Festa dos Navegantes e o início dos anos de 1970.

Gravataí, ainda freguesia foi fundada sob os cuidados da fé católica, e não poderia ser diferente, mas aqui a religiosidade se fez presente desde o início principalmente pela chegada de índios missioneiros após o Tratado de Madri e das Guerras Guaraníticas, que por sua vez também fossem desviados os rumos dos imigrantes açorianos, que devido à guerra na região das missões acabam se estabelecendo na região de Porto dos Casais e circunferências, até o litoral norte, por motivos que já se conhece, tanto guaranis como açorianos nessa época já compartilhavam da mesma religião de modo geral, cultivando suas crenças e santos católicos.

Desde cedo o caminho do Rio Gravataí, isso já "em 1769, por ordem do governador José Marcelino de Figueiredo [...], segundo documento do século XVIII." [Rosa, 1987, p.26], que ordenou a abertura da primeira rua em Gravataí até o porto por onde se dirigiam as pessoas à capela de Viamão e de Rio Grande.

Desse modo já era interessante o movimento nesse local, mas, a ocasião aqui de citar esse aspecto é só para mostrar que as festas de Navegantes são antigas na região e pelo que se pode levantar, durante o século XX, foi anual as procissões de Navegantes apenas tendo sido encerradas em 1971 devido a construção de FreeWay, que praticamente passou em cima da paróquia. Moradores ainda recordam o tempo em que a imagem de navegantes ficava na Escola Anápio Gomes, onde realizavam as missas e até comunhão. "[...], sumiu a

capela de Nossa Senhora dos Navegantes do Passo das Canoas. Sumiu também o salão paroquial e o Grupo Escolar Anápio Gomes, primeiro local onde a comunidade se reunia" [Correio de Gravataí, 2006, p.17].

Em 1999, iniciaram novamente as comemorações e a renascença da memória dessa comunidade, ajudando a compreender o seu passado, para cultivar a tradição e dar continuidade à construção da identidade e identificação dos moradores, e assim passando a seus descendentes à cultura das procissões e sua crença e sua relação com a existência do rio e sua história local. Ao mesmo tempo esses indícios à identificação e singularidade dessa comunidade em manter essa tradição portuária que se exerceu no rio e tudo que ambos representam de simbolismo e particularidades para nossa cidade.

A imagem da santa ficava na Escola Anápio Gomes, onde aconteciam as missas, primeiras comunhões e as festas da comunidade. Depois construíram um salão e as festas passaram a serem feitas ali. Quando a nossa capela estava quase pronta, inventaram a FreeWay e mandaram derrubar tudo. "conta Terezinha". [Correio de Gravataí, 2006, p.17].

Assim, com a derrubada e o fim desses locais, pode se supor pelos relatos, que no momento a sensação da comunidade foi a de desterro, daquilo que para essa comunidade era parte de sua socialização, assim como o fim do porto por volta de 1948 significou para essa comunidade uma ruptura em suas relações sociais, a procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, foi à continuidade dessa primeira fase de desterro da identidade cultural. Então em 1971, pode se considerar a segunda fase de desterro, pois, atinge aquilo que dentro de uma visão culturalista, é caro à seus indivíduos em quanto grupo, que é a destruição de seu lugar de culto, não da crença dessas pessoas, mas da destruição dos locais de socialização.

Sabemos que cultura não se decreta, mas sim é um processo longo e cumulativo de saberes a aprendizados materiais e imateriais que a humanidade compartilha entre grupos, entre povos, sem que se obrigue ninguém a nada. "A coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence." [Laraia, 2005, p. 87]. Então a destruição desse patrimônio material, à igreja e o salão, destroem um longo processo social que não se pode simplesmente apagar da memória, tanto é que esse acontecimento

pode-se dizer que foi um choque para a comunidade, com o desaparecimento de seus locais de celebração religiosa, tanto que a procissão de Nossa Senhora dos Navegantes realizada na comunidade, desaparece por vinte e oito anos, voltando somente depois que a comunidade conseguiu se reabilitar pelo passar do tempo, do trauma da perda ou retaliação dos seus locais de sociabilidade.

A comerciante ainda recorda da procissão de barco chegando pelo rio e, depois Nossa Senhora dos Navegantes sendo levada pelos moradores ate a capela: ‘A gente subia aquela estrada estreita rezando e cantando. Os foguetes explodiam quando a imagem chegava era muito bonito. E o Passo das Canoas também tudo era calmo. Mas no dia da festa a cidade inteira vinha para cá participar da missa, do churrasco e do baile.’ "Lembra." [Correio de Gravataí, 2006, p.17].

Não era simplesmente uma festa comunitária, pelo relato era uma festa para a cidade, que tinha sua atenção voltada para comunidade no dia santo. Pode-se dizer que foi tocado, não só no sentimento das pessoas da comunidade, como com a cidade acostumada às festas, mexeu na religiosidade como já foi dito, e sobre tudo com a mentalidade das pessoas, já que fica evidente a crença da comunidade em Nossa Senhora dos Navegantes. Percebe-se a relação mais forte entre a fé, o rio e a comunidade, pois recorrem à santa na esperança de serem atendidos. "Ela salvou meu filho" afirma dona Terezinha, contando do nascimento prematuro de Jorge seu filho mais velho, e com foi mandado para casa desenganado pelos médicos. Só restou a ela e seus familiares se apegarem à padroeira dos navegantes, e não por coincidência, é uma família, onde ela era filha de navegante e seu filho por conseqüência neto de tal, certamente pela sua fé a padroeira não os deixaria desamparados.

"[...] Jorge superou todas as doenças. Hoje é um pedreiro e carpinteiro respeitado no Passo das Canoas:"eu e minha mãe, Maria Lacy, nos dedicamos para cuidar do Jorge dia e noite. Ele era tão miudinho que a gente dava mamadeira com um conta gotas. Mas foi Nossa Senhora dos Navegantes quem salvou meu filho. Por isso Jorge desde pequeno acompanha a procissão." "conta ela." [Correio de Gravataí, 2006, p. 17].

Hoje, o retorno da festa de Nossa Senhora dos Navegantes, mais que o retorno de uma comemoração católica entre tantas, é sem dúvida uma volta às origens e celebração da

memória coletiva da comunidade do Passo das Canoas e da preservação histórica e cultural de um complexo cultural tão importante para toda a cidade de Gravataí, que em muitas circunstâncias, pela mídia e imprensa, órgãos políticos, não procuram aprofundar o estudo sobre por menores da história, e sempre tentam ver as coisas de maneira ampla, enquanto nos cantos da nossa cidade muitas vezes está caindo no esquecimento objetos de memória importantíssimos para a construção da nossa história. Se Gravataí, hoje é a cidade da qualidade de vida, é por que em seu passado pessoas assim como nós se preocuparam com o futuro. Então a partir de uma história, vamos dizer assim, não oficial procure-se dar voz para sujeitos que testemunharam de alguma forma o contexto pelo qual Gravataí e seu povo foram sujeitos e objetos dos acontecimentos políticos econômicos culturais e sociais que os anos de 1930 a 1970 foram palco.

Referência:

ADÃO, Duarte t Terezinha Oliveira, testemunho oral. Passo das Canoas, Gravataí. RS,2006.

Correio de Gravataí, Cultura, 23ª edição, 2006.

FÉLIX, Loiva Otero. História e Memória: A problemática da pesquisa. Passo Fundo: Ediupf,1998.



GONÇALVES, Jose Reginaldo Santos. Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. [21-29].

LARAIA, Roque de Barros. Cultura um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005

LINHARES, MARIA Ieda (orgn.).História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1990.

MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: Martin Claret, 2002.

Museu Agostinho Martha. Gravataí. Rs. Documentos da 1ª metade do século XX.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. RS Economia & Poder nos anos 30. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980.

ROSA, Jorge. História de Gravataí. Porto Alegre: Edigal, 1987.

Sugestão de Avaliação de História para o 6º ano

  NOME: _________________________________________________ TURMA:______ DATA: ____/_____/_____ PROFESOR: Luciano Braga Ramos AVALIAÇÃO DE HIS...